Sobre "Quadrinhos não emitem sons"

Resolvi criar uma história educativa, que as crianças pudessem ler e se divertir. Uni duas coisas que eu gosto: poesia e histórias em quadrinhos. Também é muito útil, quando se está começando, criar uma variedade de roteiros para explorar territórios desconhecidos e talvez, quem sabe, dar novos rumos à identidade do seu projeto. É tempo de experimentação.

Em "Quadrinhos não emitem sons" eu fiz uma hq... metalinguística talvez? Um roteiro bem conservador: apresenta um problema já na primeira página e a proposição de sua resolução, de forma que o leitor já sabe como a história vai ser já no comecinho.

As traduções dos poemas acho que existem na internet. Escolhi quatro que, se não me engano, se contrapõem com a poesia portuguesa dos séculos XIX e XX, não pelo estilo, métrica, etc, mas do assunto que elas tratam. Porque mesmo se você considerar, por exemplo, "Sentimento do Mundo", do Vinícius de Moraes, eu, uma visão de leigo obviamente, acho que a poesia brasileira, especialmente, tem tendido à uma estética mais "parnasiana", num sentido bem relativo. Eu acho - eu acho - que parece que os poetas lusófonos sentem saudades daquela poesia da época de Camões e subsequentes, quando a língua portuguesa atingia o  seu auge em termos de prestígio. Lógico que Camões não é parnasiano, pelo amor de deus. O parnasianismo é um movimento bem mais recente, por exemplo Olavo Bilac, e que propunha a "arte pela arte", simplificadamente falando. Talvez o termo melhor seria "estética de Camões", e, mesmo quando a poesia lusófona trata de assuntos "existenciais", eu ainda vejo a influência que Camões teve mesmo nos poetas mais modernos, com excessões até que numerosas.

Mas, deixando esta minha opinião leiga de lado, eu achei interessante contrapor a poesia que a gente aprende nas escolas com a poesia estrangeira. É muito diferente e é esse o elemento educativo que eu penso estar presente.

O Tygre é um poema do William Blake, já falei sobre ele aqui, L' invitation au voyage (Convite a uma viagem) é um poema de Baudelaire, famoso poeta e crítico da modernidade, Deutschlandlied  (Canção dos alemães) é uma canção escrita por August Heinrich Hoffmann von Fallersleben para uma melodia de Joseph Haydn, cuja terceira estrofe é o hino nacional da Alemanha, The love song of J. Alfred Prufrock (Canção de amor de J. Alfred Prufrock) é um poema de Thomas Elliot, poeta britânico. Todos já falecidos.